sexta-feira, 11 de junho de 2010

9. ACTIVIDADE E VIDA


Deus é a fonte da vida, luz e alegria do Universo. Como raios de luz do Sol, como correntes de água brotando duma fonte viva, bênçãos fluem d'Ele para todas as Suas criaturas. E, sempre que a vida de Deus estiver no coração dos homens, ela fluirá para outros em amor e bênçãos.

A alegria do nosso Salvador encontrava-se no erguer e redimir de homens caídos. Para este fim, Ele não considerou a Sua vida como preciosa, mas suportou a cruz, desprezando a afronta. Do mesmo modo, os anjos estão sempre empenhados em trabalhar pela felicidade de outros. Este é o seu objectivo. Aquilo que corações egoístas considerariam como serviço humilhante, ajudar os que são miseráveis e em vários aspectos inferiores no carácter e posição, é a obra de anjos sem pecado. O espírito do amor abnegado de Cristo é o espírito que permeia o céu e é a própria essência da sua felicidade. Este é o espírito que os seguidores de Cristo possuirão, a obra que farão.

Quando o amor de Cristo está entronizado no coração, tal como um perfume suave, não pode ficar escondido. A sua santa influência será sentida por todos aqueles com quem entrarmos em contacto. O Espírito de Cristo no coração é como uma fonte no deserto, fluindo para refrescar a todos e tornando ansiosos por beber da água da vida aqueles que estão prestes a perecer.

O amor a Jesus será manifestado num desejo de trabalhar como Ele trabalhou para abençoar e erguer a humanidade. Isso levará ao amor, ternura e simpatia por todas as criaturas do nosso Pai Celestial.

A vida do Salvador na Terra não foi uma vida fácil e de devoção ao eu. Ele trabalhou com esforço persistente, fervoroso e incansável pela salvação da humanidade perdida. Da manjedoura ao Calvário, Ele seguiu a vereda da abnegação e não procurou ser dispensado de tarefas árduas, viagens dolorosas e cuidado e labor exaustivos. Ele disse: "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos." Mateus 20:28. Este foi o único grande objectivo da Sua vida. Tudo o mais era secundário e subserviente. A Sua comida e bebida era fazer a vontade de Deus e concluir a Sua obra. O eu e o interesse próprio não tinham parte alguma no Seu trabalho.

Do mesmo modo, aqueles que são participantes da graça de Cristo, estarão dispostos a fazer qualquer sacrifício, a fim de que outros por quem Ele morreu possam partilhar da dádiva celestial. Farão tudo o que puderem para tornar o mundo melhor com a sua estadia nele. Este espírito é o resultado certo duma alma verdadeiramente convertida. Logo que uma pessoa vai a Cristo, nasce no seu coração um desejo de tornar conhecido a outros o precioso amigo que encontrou em Jesus; a verdade salvadora e santificadora não pode ficar fechada no seu coração. Se estivermos vestidos com a justiça de Cristo e cheios de alegria com a habitação do Seu espírito em nós, não nos será possível ficar calados. Se tivermos experimentado e visto que o Senhor é bom, teremos alguma coisa a dizer. Como Filipe quando encontrou o Salvador, nós convidaremos outros para virem à Sua presença. Procuraremos apresentar-lhes os atractivos de Cristo e as realidades não vistas do mundo futuro. Haverá um desejo intenso de seguir no caminho que Jesus percorreu. Haverá um anseio fervoroso de que os que estão à nossa volta possam contemplar "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." João 1:29.

E o esforço para abençoar outros reverterá em bênçãos sobre nós mesmos. Foi este o propósito de Deus ao dar-nos uma parte a desempenhar no plano da redenção. Ele concedeu aos homens o privilégio de serem participantes da natureza divina e, por sua vez, de difundirem bênçãos junto dos seus semelhantes. Esta é a mais elevada honra, a maior alegria, que é possível a Deus conferir aos homens. Os que assim se tornarem participantes em trabalhos de amor são trazidos para mais perto do seu Criador.

Deus podia ter conferido a mensagem do evangelho, e todo o trabalho de ministério amoroso, aos anjos celestiais. Ele podia ter empregado outros meios para executar o Seu propósito. Mas, no Seu infinito amor, Ele escolheu tornar-nos cooperadores com Ele, com Cristo e os anjos, a fim de podermos partilhar da bênção, alegria e erguimento espiritual, que resultam deste ministério altruísta.

Somos levados a simpatizar com Cristo mediante a comunhão com os Seus sofrimentos. Cada acto de abnegação pelo bem dos outros fortalece o espírito de benevolência no coração do doador, aliando-o mais intimamente com o Redentor do mundo, que "sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que pela Sua pobreza enriquecêsseis." II Coríntios 8:9. E é só quando assim cumprimos o propósito divino na nossa criação que a vida pode ser uma bênção para nós.

Se tu fores trabalhar, como Cristo quer que os Seus discípulos trabalhem, e ganhares pessoas para Ele, sentirás a necessidade de uma experiência mais profunda e de um conhecimento maior nas coisas divinas, e sentirás fome e sede de justiça. Instarás com Deus, e a tua fé será fortalecida, e a tua alma beberá abundantemente da fonte da salvação. Ao enfrentares oposição e provas, isso levar-te-á ao estudo da Bíblia e à oração. Crescerás em graça e no conhecimento de Cristo, e desenvolverás uma rica experiência.

O espírito do trabalho altruísta dá ao carácter profundidade, estabilidade e amabilidade semelhantes ao carácter de Cristo, e traz paz e felicidade ao seu possuidor. As aspirações são elevadas. Não há lugar para a preguiça ou o egoísmo. Os que assim exercitam as graças cristãs crescerão e se fortalecerão para trabalharem para Deus. Terão claras percepções espirituais, uma firme e crescente fé, e um aumento no poder da oração. O Espírito de Deus, operando no seu espírito, desperta as harmonias sagradas da alma em resposta ao toque divino. Os que assim se dedicam a um esforço pelo bem dos outros estão muito seguramente a trabalhar para a sua própria salvação.

O único caminho para crescer na graça é estarmos a fazer desinteressadamente o trabalho que Cristo nos ordenou - empenhar-nos, na medida da nossa capacidade, em ajudar e abençoar aqueles que precisam da ajuda que nós lhes podemos dar. A força vem pelo exercício; a actividade é a condição própria da vida. Os que procuram manter a vida cristã aceitando passivamente as bênçãos que vêm através dos meios da graça, nada fazendo por Cristo, estão simplesmente a tentar viver comendo sem trabalhar. E no mundo espiritual, como no natural, isto resulta sempre em degeneração e decadência. Um homem que recusasse exercitar os seus membros perderia em breve a capacidade de os usar. Assim, o cristão que não exercita as faculdades que Deus lhe deu, não só falha em crescer em Cristo, como perde a força que já tinha.

A Igreja de Cristo é a agência designada por Deus para a salvação de homens. A sua missão é levar o evangelho ao mundo. E a obrigação repousa sobre todos os cristãos. Cada um, na medida dos seus talentos e das suas oportunidades, deve cumprir a missão dada pelo Salvador. O amor de Cristo, que nos foi revelado, torna-nos devedores a todos aqueles que não O conhecem. Deus deu-nos luz, não só para nós mesmos, mas para a derramarmos sobre eles.

Se os seguidores de Cristo estivessem despertos para o dever, onde agora há só um, haveria milhares a proclamar o evangelho em terras pagãs. Todos aqueles que não pudessem empenhar-se pessoalmente no trabalho, sustentá-lo-iam, não obstante, com os seus recursos, a sua simpatia e as suas orações. E haveria muito mais trabalho fervoroso pelas pessoas em países cristãos.

Não precisamos de ir a terras pagãs, ou nem sequer de deixar o pequeno círculo do lar, se é aí que reside o nosso dever, a fim de trabalharmos para Cristo. Podemos fazê-lo no círculo do lar, na igreja, entre aqueles com quem nos associamos e com quem temos relações comerciais.

A maior parte da vida do Salvador na Terra foi passada a trabalhar, particularmente na carpintaria de Nazaré. Anjos ministradores acompanhavam o Senhor da vida, enquanto Ele caminhava lado a lado com os camponeses operários, irreconhecido e não honrado. Ele estava tão fielmente cumprindo a Sua missão enquanto trabalhava no seu humilde ofício, como quando curava os doentes ou andava sobre as ondas encapeladas do mar da Galileia. Assim, nos mais humildes deveres e nas posições mais baixas da vida, podemos andar e trabalhar com Jesus.

O apóstolo diz: "Cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado." I Coríntios 7:24. O comerciante pode conduzir o seu negócio de maneira a glorificar o seu Mestre pela sua fidelidade. Se ele for um verdadeiro seguidor de Cristo, levará a sua religião para tudo o que fizer e revelará aos homens o espírito de Cristo. O mecânico pode ser um diligente e fiel representante d'Aquele que labutou nos humildes caminhos da vida entre os montes da Galileia. Todo aquele que profere o nome de Cristo deve trabalhar, de tal modo que outros, ao verem as suas boas obras, possam ser levados a glorificar o seu Criador e Redentor.

Muitos têm-se desculpado de não consagrarem os seus dons ao serviço de Cristo, porque outros possuem talentos e vantagens superiores. Tem prevalecido a opinião de que apenas aos que são especialmente talentosos, lhes é requerido consagrar as suas aptidões ao serviço de Deus. Muitos acham que os talentos são dados apenas a uma certa classe favorecida, com exclusão de outros que, certamente, não são chamados a participar das labutas ou das recompensas. Mas não é assim que está representado na parábola. Quando o senhor da casa chamou os seus servos, ele deu a cada um a sua obra.

Com um espírito amoroso podemos realizar os deveres mais humildes da vida "como ao Senhor." Colossenses 3:23. Se o amor de Deus estiver no coração, Ele será manifestado na vida. A suave influência de Cristo circundar-nos-á, habilitando-nos a elevar outros.

Tu não deves esperar grandes ocasiões ou esperar aptidões extraordinárias antes de ires trabalhar para Deus. Não precisas de pensar no que o mundo pensará de ti. Se a tua vida diária é um testemunho da pureza e sinceridade da tua fé, e outros estiverem convencidos de que tu desejas ajudá-los, os teus esforços não serão totalmente perdidos.

Os mais humildes e pobres dos discípulos de Jesus podem ser uma bênção para outros. Podem não se aperceber de que estão a fazer algum bem especial, mas pela sua inconsciente influência podem dar origem a grandes bênçãos que se alargarão e aprofundarão, e eles podem nunca conhecer os maravilhosos resultados até ao dia da recompensa final. Eles não sentem nem sabem que estão a fazer alguma coisa importante. Não lhes é pedido que se preocupem com o êxito. Eles precisam apenas de avançar tranquilamente, fazendo fielmente o trabalho que a providência de Deus designa, e a sua vida não será em vão. Crescerão cada vez mais à semelhança de Cristo; eles são obreiros juntamente com Deus nesta vida, e estão assim a capacitar-se para o trabalho mais elevado e para sentirem a alegria completa da vida por vir.



«O  AMOR  A  JESUS  SERÁ  MANIFESTADO  NUM  DESEJO
DE  TRABALHAR  COMO  ELE  TRABALHOU  PARA  ABENÇOAR  E  ERGUER  A  HUMANIDADE.»


«O  ESPÍRITO  DE  TRABALHO  ALTRUÍSTA
DÁ  AO  CARÁCTER  PROFUNDIDADE,  ESTABILIDADE  E  AMABILIDADE
SEMELHANTES  AO  CARÁCTER  DE  CRISTO,
E  TRAZ  PAZ  E  FELICIDADE  AO  SEU  POSSUIDOR.»