sábado, 1 de maio de 2010

3. LIBERTO DA CULPA


Como pode um homem ser justo para com Deus? Como pode o pecador ser justificado? É unicamente mediante Cristo que podemos ser colocados em harmonia com Deus, com a santidade. Mas como podemos ir a Cristo? Muitos estão a fazer a mesma pergunta da multidão no dia do Pentecostes, quando, convictos do pecado, exclamaram: "Que faremos?" A primeira palavra da resposta de Pedro foi: "Arrependei-vos". Actos 2:37, 38. Noutra ocasião, pouco tempo depois, ele disse: "Arrependei-vos... e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados." Actos 3:19.

O arrependimento inclui tristeza pelo pecado e um afastamento dele. Não renunciaremos ao pecado, a não ser que vejamos a sua maldade; até nos afastarmos dele de coração, não haverá qualquer mudança real na vida.

Há muitos que deixam de compreender a verdadeira natureza do arrependimento. Multidões sentem-se tristes porque pecaram e até fazem uma reforma exterior porque temem que as suas obras más lhes tragam sofrimento. Mas isto não é arrependimento segundo o critério da Bíblia. Elas lamentam o sofrimento em vez do pecado. Essa foi a tristeza de Esaú quando viu que perdera a primogenitura para sempre. Balaão, aterrado perante o anjo com a espada desembainhada, reconheceu a sua culpa para não perder a sua vida; mas não houve qualquer arrependimento genuíno do pecado, nenhuma conversão de propósito, nenhum repúdio do mal. Judas Iscariotes, depois de ter traído o seu Senhor, exclamou: "Pequei, traindo o sangue inocente." Mateus 27:4.

A confissão da sua alma culpada foi forçada por um sentimento de condenação e por uma expectativa terrífica do juízo. As consequências, que trariam um resultado certo sobre ele, encheram-no de terror, mas não havia nenhuma tristeza desoladora, profunda na sua alma, de que ele tinha traído o imaculado Filho de Deus e negado o Santo de Israel. Faraó, enquanto sofria sob os juízos de Deus, reconheceu o seu pecado para poder escapar a uma punição posterior, mas voltava ao seu desafio logo que as pragas cessavam. Todos estes lamentaram os resultados do pecado, mas não se entristeceram pelo pecado em si mesmo.

Mas quando o coração se rende à influência do Espírito de Deus, a consciência é despertada e o pecador discerne algo de profundo e sagrado na santa lei de Deus, o fundamento do Seu governo no Céu e na Terra. A "luz,... que ilumina todo o homem que vem ao mundo" (João 1:99, ilumina os recessos secretos da alma, e as coisas escondidas das trevas são manifestas. A convicção apodera-se da mente e do coração. O pecador tem um senso da justiça de Jeová e sente o terror de aparecer, na sua própria culpa e impureza, perante o Perscrutador dos corações. Ele vê o amor de Deus, a beleza da santidade, a alegria da pureza; ele deseja ser purificado e restaurado à comunhão com o Céu.

A oração de David, após a sua queda, ilustra a natureza da verdadeira tristeza pelo pecado. O seu arrependimento foi sincero e profundo. Não houve esforço algum para desculpar a sua culpa; nenhum desejo de escapar ao juízo ameaçador inspirou a sua oração. David viu a enormidade da sua transgressão, viu a contaminação do seu coração. Ele detestou o seu pecado. Não foi só por perdão que ele orou, mas pela pureza do coração. Ele quis ter a alegria da santidade - ser restaurado à harmonia e comunhão com Deus. Foram estas as suas palavras:

"Bem- aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano." Salmos 32:1, 2.

"Tem misericórdia de mim, Ó Deus, segundo a Tua benignidade, apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das Tuas misericórdias. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Purifica-me com hissope e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espíriro recto. Não me lances fora da Tua presença e não retires de mim o Teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegia da Tua Salvação e sustém-me com um espírito voluntário. Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a Tua justiça." Salmos 51:1-14.

Conseguir um arrependimento como este está para além do nosso próprio poder. Ele é obtido apenas de Cristo, que ascendeu ao alto e deu dons aos homens.

Aqui está exactamente um ponto em que muitos podem errar e, por conseguinte, fracassam em receber a ajuda que Cristo deseja dar-lhes. Pensam que não podem ir a Cristo a não ser que se arrependam primeiro, e que o arrependimento os prepara para o perdão dos seus pecados. É verdade que o arrependimento precede, de facto, o perdão dos pecados, pois só o coração triste e arrependido sente a necessidade de um Salvador. Mas deve o pecador esperar até se arrepender antes de poder ir a Jesus? Deve o arrependimento tornar-se um obstáculo entre o pecador e o Salvador?

A Bíblia não ensina que o pecador deve arrepender-se antes de poder aceitar o convite de Cristo, "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei." Mateus 11:28. É a virtude que procede de Cristo, que conduz ao arrependimento genuíno. O apóstolo Pedro esclareceu o assunto na sua declaração aos israelitas, quando disse: "Deus, com a Sua dextra O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados." Actos 5:31. Não podemos arrepender-nos sem que o Espírito de Cristo nos desperte a consciência.

Cristo é a Fonte de todo o impulso correcto. Ele é o único que pode implantar no coração inimizade contra o pecado. Todo o desejo pela verdade e pureza, cada convicção da nossa própria pecaminosidade, é uma evidência de que o Seu Espírito está a agir no nosso coração.

Jesus disse: "E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim." João 12:32. Cristo deve ser revelado ao pecador como o Salvador que morreu pelos pecados do mundo; e, ao contemplarmos o Cordeiro de Deus sobre a cruz do Calvário, o mistério da redenção começa a desvendar-se à nossa mente e a bondade de Deus conduz-nos ao arrependimento. Ao morrer pelos pecadores, Cristo manifestou um amor que é incompreensível; quando o pecador observa e sente este amor, o coração fica suavizado, a mente impressionada e a alma influenciada por ele.

É verdade que os homens às vezes se envergonham dos seus actos pecaminosos, e abandonam alguns dos seus maus hábitos, antes de estarem conscientes de que estão a ser atraídos para Cristo. Mas sempre que fazem um esforço para se reformarem, a partir de um sincero desejo de procederem correctamente, é o poder de Cristo que os está a atrair. Uma influência, da qual estão inconscientes, opera na alma, e a consciência é despertada, e a vida exterior é corrigida. E quando Cristo os leva a olhar para a Sua cruz, para contemplarem Aquele que os pecados ali cravaram, os mandamentos de Deus tocam a sua consciência. A maldade da sua vida, o pecado arraigado no coração, é-lhes revelado. Começam a comprender algo da justiça de Cristo e exclamam: "O que é o pecado, que devesse requerer um tal sacrifício para a redenção das suas vítimas? Foi requerido todo este amor, todo este sofrimento, toda esta humilhação, para que não perecêssemos, mas tivéssemos vida eterna?"

O pecador pode resistir a este amor, pode recusar ser atraído para Cristo; mas, se não resistir, será atraído para Jesus. Um conhecimento do plano da salvação conduzi-lo-á para ao pé da cruz em arrependimento pelos seus pecados, que causaram o sofrimento do querido Filho de Deus.

A mesma mente divina que está a trabalhar nas coisas da Natureza, está a falar ao coração dos homens e a criar um desejo inexprimível por algo que eles não têm. As coisas do mundo não podem satisfazer o seu anseio. O Espírito de Deus disputa com eles para procurarem a única coisa que pode dar paz e repouso - a graça de Cristo, a alegria da santidade. Mediante influências visíveis e invisíveis, o nosso Salvador está constantemente a agir para atrair a mente dos homens dos desejos insatisfatórios do pecado para as bênçãos infinitas que podem ser suas através d'Ele. A todas estas pessoas, que procuram, em vão, beber das cisternas rotas deste mundo, é dirigida a mensagem divina: "E quem tem sede, venha; e quem quiser tome de graça da água da vida." Apocalipse 22:17.

Tu, que no teu coração desejas algo melhor do que este mundo pode dar, reconhece este anseio como a voz de Deus a dirigir-Se à tua consciência. Pede-Lhe para te dar arrependimento, para te revelar Cristo no Seu infinito amor, na Sua perfeita pureza. Na vida do Salvador os princípios da lei de Deus - amor a Deus e ao próximo - foram perfeitamente exemplificados. Benevolência, amor altruísta, faziam parte do Seu carácter. É na medida em que O contemplamos, na medida em que a luz do nosso Salvador incide sobre nós, que vemos a do nosso próprio coração.

Podemos lisonjear-nos a nós mesmos, como fez Nicodemos, de que a nossa vida tem sido recta, de que o nosso carácter moral é correcto, e pensarmos que não precisamos de humilhar o coração perante Deus, como o pecador comum, mas quando a luz de Cristo brilha na nossa consciência, vemos quão impuros somos; discernimos o egoísmo dos nossos motivos, a inimizade contra Deus, que tem corrompido cada acto da vida. Então, aprendemos que a nossa justiça própria é, de facto, como trapos de imundície e que só o sangue de Cristo nos pode purificar da poluição do pecado, e renovar o nosso coração à Sua própria semelhança.

Um raio da glória de Deus, um esplendor da pureza de Cristo, penetrando o espírito, torna cada mancha de impureza dolorosa, distinta, e coloca a descoberto a deformidade e os defeitos do carácter humano. Torna evidentes os desejos não santificados, a infidelidade do coração, a impureza dos lábios. Os actos de deslealdade do pecador e o desrespeito à lei de Deus são-lhe expostos e o seu espírito é ferido e afligido sob a influência perscrutadora do Espírito de Deus. Ele detesta-se a si mesmo ao contemplar o carácter puro e imaculado de Cristo.

Quando o profeta Daniel contemplou a glória a circundar o mensageiro celestial que lhe foi enviado, sentiu-se esmagado com a sensação da sua própria fraqueza e imperfeição. Descrevendo o efeito da cena maravilhosa, ele diz: "Não ficou força em mim; e transmudou-se em mim a minha formosura em desmaio, e não retive força alguma." Daniel 10:8. A pessoa que assim for tocada odiará o seu egoísmo, detestará o seu amor próprio, e buscará, mediante a justiça de Cristo, a pureza de coração que está em harmonia com a lei de Deus e o carácter de Cristo.

O apóstolo Paulo diz que "segundo a justiça que há na lei" - no que diz respeito aos actos exteriores - ele era "irrepreensível" (Filipenses 3:6); mas, quando percebeu o carácter espiritual da lei, ele viu-se a si mesmo um pecador. Julgado pela letra da lei, na medida em que os homens a aplicam à vida exterior, ele tinha-se abstido do pecado; mas, quando olhou para as profundezas dos Seus santos preceitos, e se viu a si mesmo como Deus o via, humilhou-se e confessou a sua culpa. Ele diz: "E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri." Romanos 7:9. Quando ele viu a natureza espiritual da lei, o pecado apareceu na sua verdadeira hediondez, e a boa opinião que tinha de si mesmo desapareceu.

Deus não considera todos os pecados de igual magnitude; há graus de culpa na Sua avaliação, assim como na dos homens. Mas, embora este ou aquele acto errado possa parecer trivial aos olhos dos homens, nenhum pecado é pequeno à vista de Deus. O juízo do homem é parcial e imperfeito; mas Deus considera todas as coisas como elas são realmente. O bêbado é desprezado e dizem-lhe que o seu pecado o excluirá do Céu, enquanto que o orgulho, o egoísmo e a cobiça passam muitas vezes sem serem repreendidos. Mas estes são pecados especialmente ofensivos a Deus; pois eles são contrários à benevolência do Seu carácter, àquele amor altruísta que é a própria atmosfera do Universo não caído. Aquele que cai nalgum dos pecados mais grosseiros pode sentir vergonha, pobreza e a sua necessidade da graça de Cristo; mas o orgulhoso não sente necessidade alguma; e por isso fecha o coração contra Cristo e as bênçãos infinitas que Ele veio oferecer.

O pobre publicano que orou: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" (Lucas 18:13), considerava-se a si mesmo um homem muito mau, e os outros olhavam-no também dessa maneira; mas ele sentiu a sua necessidade, e, com o fardo de culpa e vergonha, foi perante Deus, suplicando a Sua misericórdia. O seu coração estava aberto ao Espírito de Deus para realizar a Sua graciosa obra e libertá-lo do poder do pecado. A oração jactanciosa e de justiça própria do fariseu mostrou que o seu coração estava fechado à influência do Espírito Santo. Devido à sua distância de Deus, não tinha noção da sua própria corrupção, em contraste com a perfeição da santidade divina. Ele não sentia necessidade alguma e, como tal, não recebeu nada.

Se tu vires a tua maldade, não esperes até seres melhor. Quantos há que pensam que não são suficientemente bons para irem a Cristo? Esperas tornares-te melhor mediante os teus próprios esforços? "Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso, também, vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal." Jeremias 13:23. Só em Deus há ajuda para nós. Não devemos esperar por persuasões mais fortes, melhores oportunidades ou temperamentos mais santos. Por nós mesmos, nada podemos fazer. Devemos ir a Cristo tal como estamos.

Mas que ninguém se engane a si mesmo com o pensamento de que Deus, no Seu grande amor e misericórdia, salvará até mesmo os que rejeitarem a Sua graça. A excessiva maldade do pecado só pode ser avaliada à luz da cruz. Quando os homens insistem que Deus é demasiado bom para rejeitar o pecador, que olhem para o Calvário. Foi porque não havia nenhuma outra maneira pela qual o homem pudesse ser salvo, porque sem este sacrifício era impossível à raça humana escapar do poder corruptor do pecado, e ser restaurada a comunhão com seres santos - impossível para eles voltarem a ser participantes da vida espiritual - foi por causa disto que Cristo tomou sobre Si mesmo a culpa do desobediente e sofreu no lugar do pecador. O amor, o sofrimento e a morte do Filho de Deus, todos confirmam a terrível enormidade do pecado e declaram que não há escape algum do seu poder, nenhuma esperança de vida mais elevada, senão mediante a submissão do coração a Cristo.

Os incrédulos, às vezes, desculpam-se a si mesmos ao dizerem de cristãos professos: "Sou tão bom como eles. Eles não são mais abnegados, sóbrios, ou cautelosos na sua conduta do que eu. Eles amam os prazeres e a indulgência própria, tal como eu." Fazem, deste modo, das faltas dos outros desculpa para a sua própria negligência do dever. Mas os pecados e defeitos dos outros não desculpam ninguém, pois o Senhor não nos deu um exemplo humano imperfeito. Como nosso exemplo foi-nos dado o imaculado Filho de Deus, e aqueles que se queixam da vida pecaminosa de cristãos professos são esses mesmos que deveriam mostrar melhor vida e exemplos mais nobres. Se eles têm tão elevado conceito do que deve ser um cristão, não é o seu pecado ainda mais grave? Eles sabem o que é correcto, mas recusam-se a fazê-lo.

Cuidado, não adies a obra de abandonares os teus pecados e procurares pureza de coração mediante Jesus. É aqui que milhares e milhares têm errado e se têm perdido. Não me refiro à brevidade e incerteza da vida; mas há um perigo terrível - um perigo que não é suficientemente compreendido - em demorar a render-se à voz intercessora do Espírito Santo de Deus, em escolher viver no pecado; pois é isso que essa demora realmente é. O pecado, ainda que considerado pequeno, pode-se condescender com ele com o perigo de perda infinita. Aquilo que não vencermos, vencer-nos-á e operará a nossa destruição.

Adão e Eva convenceram-se de que, de uma questão tão pequena como comer do fruto proibido, não poderiam resultar consequências tão terríveis como Deus tinha declarado. Mas esta pequena questão era a transgressão da imutável e santa lei de Deus, e isso separou o homem de Deus e abriu as portas da morte e da dor sobre o nosso mundo. Era após era tem subido da nossa Terra um contínuo grito de dor, e toda a criação geme e sente juntamente dores de parto como consequência da desobediência do homem. O próprio Céu sentiu os efeitos da sua rebelião contra Deus. O Calvário permanece como um memorial do surprendente sacrifício requerido para expiar a transgressão da lei divina. Não consideremos o pecado como uma coisa trivial.

Cada acto de transgressão, cada negligência ou rejeição da graça de Cristo, reflecte-se sobre ti mesmo; isso endurece o coração, perverte a vontade, entorpece o entendimento, e não só te torna menos inclinado a entregares-te, como menos capaz de te entregares à terna intercessão do Espírito Santo de Deus.

Muitos estão a calar uma consciência perturbada com o pensamento de que podem mudar a sua vida de pecado quando quiserem; que podem menosprezar os convites da misericórdia, apesar de serem impressionados repetidamente. Pensam que, após terem desprezado o Espírito da graça, após terem colocado a sua influência ao lado de Satanás, num momento de terrível necessidade podem mudar o seu curso de vida. Mas isto não é assim tão fácil de se fazer. A experiência e a educação de uma vida inteira terão moldado tão completamente o carácter, que poucos desejam então receber a imagem de Jesus.

Mesmo um traço errado de carácter, um desejo pecaminoso, persistentemente acariciados, neutralizarão finalmente todo o poder do evangelho. Cada condescendência com o erro fortalece a aversão do coração para com Deus. O homem que manifesta uma altivez obstinada, ou uma indiferença impassível para com a verdade divina, não está senão a colher aquilo que ele próprio semeou. Em toda a Bíblia não há advertência mais terrível contra o brincar com o pecado do que as palavras do sábio de que o pecador "com as cordas do seu pecado será detido." Provérbios 5:22.

Cristo está pronto a libertar-nos do pecado, mas Ele não força a vontade; e se, por persistente transgressão, a própria vontade está totalmente vergada pelo pecado, e não desejarmos ser libertados, se não aceitarmos a Sua graça, que mais poderá Ele fazer? Ter-nos-emos destruído pela nossa determinada rejeição do Seu amor. "Eis aqui, agora, o tempo aceitável; eis aqui, agora, o dia da salvação." II Coríntios 6:2. "Se ouvirdes, hoje, a Sua voz, não endureçais os vossos corações." Hebreus 3:7, 8.

"O homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração" (I Samuel 16:7) - o coração humano, com as suas emoções conflituosas de alegria e tristeza; o coração inconstante e transviado, que é habitação de tanta impureza e engano. Ele conhece os teus motivos, as tuas próprias intenções e propósitos. Vai a Ele com a tua alma toda manchada como está. Como o salmista, abre os teus segredos aos olhos de Quem tudo vê, exclamando: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno." Salmos 139:23, 24.

Muitos aceitam uma religião intelectual, uma forma de piedade, quando o coração não está purificado. Que esta seja a tua oração: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito recto." Salmos 51:10. Sê verdadeito contigo próprio. Sê tão fervoroso e persistente como o serias se a tua vida mortal estivesse em jogo. Esta é uma questão que deve ser resolvida entre Deus e a tua própria consciência para a eternidade. Uma esperança baseada unicamente em suposições ser-te-é fatal.

Estuda a Palavra de Deus com oração. Essa Palavra apresenta diante de ti, na lei de Deus e na vida de Cristo, os grandes princípios da santidade, sem a qual "ninguém verá o Senhor." Hebreus 12:14. Ela convence do pecado; ela revela claramente o caminho da salvação. Presta-lhe atenção como sendo a voz de Deus a falar-te pessoalmente.

Ao constatares a enormidade do pecado, ao veres-te a ti mesmo como realmente és, não desesperes. Foram os pecadores que Cristo veio salvar. Nós não temos que reconciliar Deus connosco, mas - oh, amor maravilhoso! - Deus em Cristo está "reconciliando o mundo consigo mesmo." II Coríntios 5:19. Ele está a tentar atrair, com o Seu terno amor, o coração dos Seus filhos errantes. Nenhum pai terrestre seria tão paciente com as faltas e erros dos seus filhos, como Deus é com aqueles que Ele procura salvar. Ninguém poderia insistir mais ternamente com o transgressor. Nunca lábios humanos expressaram mais ternas súplicas para com o errante do que Ele. Todas as Suas promessas e advertências são apenas o suspiro do Seu grande amor.

Quando Satanás te vier dizer que és um grande pecador, olha para o teu Redentor e fala dos Seus méritos. O que te ajudará é olhares para a Sua luz. Reconhece o teu pecado, mas diz ao inimigo que "Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (I Timóteo 1:15) e que tu podes ser salvo pelo Seu incomparável amor. Jesus fez uma pergunta a Simão a respeito de dois devedores. Um devia ao senhor uma pequena quantia, e o outro devia-lhe uma soma muito elevada; mas ele perdoou a ambos, e Cristo perguntou a Simão qual dos dois devedores deveria amar mais o seu senhor. Simão respondeu: "Aquele a quem mais perdoou." Lucas 7:43. Nós temos sido grandes pecadores, mas Cristo morreu para que pudéssemos ser perdoados. Os méritos do Seu sacrifício são suficientes para apresentar ao pai em nosso favor. Aqueles a quem Ele mais tem perdoado, mais O amarão, e ficarão junto ao Seu trono para O louvarem pelo Seu grande amor e infinito sacrifício. É quando compreendermos plenamente o amor de Deus que melhor compreenderemos a maldade do pecado. Quando virmos o comprimento da corrente que foi lançada do alto até nós, quando compreendermos algo do infinito sacrifício que Cristo fez em nosso favor, o nosso coração encher-se-á de ternura e contrição.


«A  BÍBLIA  NÃO  ENSINA  QUE  O  PECADOR  DEVE  ARREPENDER-SE
ANTES  DE  PODER  ACEITAR  O  CONVITE  DE  CRISTO.»


«TU,  QUE  NO  TEU  CORAÇÃO  DESEJAS  ALGO  MELHOR
DO  QUE  ESTE  MUNDO  PODE  DAR,
RECONHECE  ESTE  ANSEIO  COMO  A  VOZ  DE  DEUS
A  DIRIJIR-SE  À  TUA  CONSCIÊNCIA.»


«NÃO  DEVEMOS  ESPERAR  POR  PERSUASÕES  MAIS  FORTES,
MELHORES  OPORTUNIDADES  OU  TEMPERAMENTOS  MAIS  SANTOS.
DEVEMOS  IR  A  CRISTO  TAL  COMO  ESTAMOS.»


«SE  TU  VIRES  A  TUA  MALDADE,  NÃO  ESPERES  ATÉ  SERES  MELHOR.
SÓ  EM  DEUS  HÁ  AJUDA  PARA  NÓS.»


«O  CALVÁRIO  PERMANECE  COMO  UM  MEMORIAL
DO  SURPREENDENTE  SACRIFÍCIO  REQUERIDO
PARA  EXPIAR  A  TRANSGRESSÃO  DA  LEI  DIVINA.»