sábado, 8 de maio de 2010

4. ABRE O CORAÇÃO A DEUS


"O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia." Provérbios 28:13.

As condições para obtermos a misericórdia de Deus são simples, justas e razoáveis. O Senhor não requer que façamos alguma coisa penosa para obtermos o perdão dos pecados. Não precisamos de fazer longas e cansativas peregrinações, ou fazer penitências dolorosas, para recomendar a nossa alma ao Deus do Céu ou reparar as nossas faltas; mas aquele que confessa e abandona o seu pecado alcançará misericórdia.

O apóstolo diz: "Confessem as vossas faltas uns aos outros, e orem uns pelos outros, para que sejam curados." Tiago 5:16. Confessem os vossos pecados a Deus, o único que os pode perdoar, e as vossas faltas uns aos outros. Se tiveres ofendido o teu amigo ou vizinho, deves reconhecer a tua falta, e é seu dever perdoar-te completamente. Depois, deves procurar o perdão de Deus, porque o irmão que tu magoaste é propriedade de Deus, e ao injuriá-lo tu pecaste contra o seu Criador e Redentor. O caso é levado perante o único verdadeiro Mediador, o nosso grande Sumo Sacerdote, que "foi em todos os pontos tentado como nós o somos, todavia sem pecado", e que é "tocado com o sentimento das nossas enfermidades" (Hebreus 4:15), e é capaz de nos purificar de todo o mal.

Os que não se humilharam perante Deus reconhecendo a sua culpa, não cumpriram ainda a primeira condição de aceitação. Se não experimentámos aquele arrependimento do qual não temos que nos arrepender, e não confessámos com verdadeira humilhação de coração e espírito, detestando o nosso erro, nunca buscámos verdadeiramente o perdão do pecado; e, se nunca o buscámos, nunca encontrámos a paz de Deus. A única razão para não termos a remissão dos pecados passados é não estarmos dispostos a humilhar o nosso coração e a cumprir as condições da Palavra da verdade. É dada instrução explícita a respeito deste assunto. A confissão do pecado, quer seja pública ou privada, deve ser sentida no coração e expressa livremente. Não deve ser imposta ao pecador. Não deve ser feita de uma maneira irreverente e descuidada, ou imposta àqueles que não têm uma compreensão nítida do carácter repugnante do pecado. A confissão que brota espontaneamente dos recônditos da alma encontra a compaixão infinita de Deus. O salmista diz: "O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito." Salmos 34:18.

A confissão verdadeira é sempre de carácter específico e reconhece pecados particulares. Eles podem ser de natureza tal que devam ser só apresentados a Deus; podem ser faltas que devem ser confessadas a indivíduos que sofrem injúria através delas; ou podem ser de carácter público, e então devem ser confessadas publicamente. Porém, toda a confissão deve ser definida e directa, reconhecendo os próprios pecados de que somos culpados.

No tempo de Samuel, os israelitas afastaram-se de Deus. Eles estavam a sofrer as consequências do pecado, pois tinham perdido a sua fé em Deus, e no Seu poder e sabedoria para governar a nação, e a confiança na Sua capacidade de defender e vindicar a Sua causa. Afastaram-se do grande Governador do Universo e desejaram ser governados como eram as nações ao seu redor. Antes de encontrarem paz, fizeram esta confissão definida: "Nós temos acrescentado a todos os nossos pecados este mal, de pedirmos para nós um rei." I Samuel 12:19. O próprio pecado de que se sentiam convictos devia ser confessado. A sua ingratidão oprimia o seu coração e separava-os de Deus.

A confissão não será aceite por Deus sem um arrependimento e reforma sinceros. Deve haver mudanças decididas na vida; tudo o que for ofensivo a Deus deve ser afastado como resultado de verdadeira tristeza pelo pecado. O trabalho que temos a fazer da nossa parte está claramente delineado perante nós: "Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade dos vossos actos de diante dos Meus olhos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; praticai o que é recto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas." Isaías 1: 16-17. "Se esse ímpio restituir o penhor, devolver o que ele tinha furtado, e andar nos estatutos da vida, não praticando a iniquidade, certamente viverá, não morrerá." Ezequiel 33:15. O apóstolo Paulo diz acerca da obra do arrependimento: "Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós, que segundo Deus fostes contristados! Que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio." II Coríntios 7:11.

Quando o pecado apaga as percepções morais, o malfeitor não discerne os defeitos do seu carácter nem compreende a enormidade do pecado que cometeu; e, a não ser que se submeta ao poder convincente do Espírito Santo, ele permanece numa cegueira parcial a respeito do seu pecado. As suas confissões não são sinceras nem fervorosas. A cada reconhecimento da sua culpa ele acrescenta uma desculpa para justificar o seu modo de vida, declarando que, se não tivessem sido certas circunstâncias, não teria feito isto ou aquilo pelo qual é reprovado.

Depois de Adão e Eva terem comido do fruto proibido, ficaram cheios de um sentimento de vergonha e terror. A princípio, o seu único pensamento foi de como haviam de desculpar o seu pecado e escapar da terrível sentença de morte. Quando o Senhor lhe falou a respeito do seu pecado, Adão respondeu colocando a culpa em parte sobre Deus e em parte sobre a sua companheira: "A mulher que me deste, por companheira, ela me deu da árvore, e comi." Génesis 3:12. A mulher colocou a culpa sobre a serpente, dizendo: "A serpente me enganou, e eu comi." Génesis 3:13. Porque fizeste Tu a serpente? Porque permitiste que ela entrasse no Éden? Estas foram as questões implícitas na sua desculpa pelo seu pecado, responsabilizando assim Deus pela sua queda. O espírito de justificação própria originou-se com o pai da mentira e tem sido exibido por todos os filhos e filhas de Adão. As confissões deste tipo não são inspiradas pelo Espírito divino e não serão aceites por Deus. O verdadeiro arrependimento levará uma pessoa a suportar a sua própria culpa e a reconhecê-la sem engano ou hipocrisia. Como o pobre publicano, não levantando muito os olhos para o Céu, ele clamará: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" E os que reconhecerem a sua culpa serão justificados, pois Jesus intercederá com o Seu sangue em favor da pessoa arrependida.

Os exemplos, na Palavra de Deus, de arrependimento e humilhação genuínos revelam um espírito de confissão no qual não há qualquer desculpa para o pecado em tentativa de justificação própria. O apóstolo Paulo não procurou defender-se; ele pinta o seu pecado nas cores mais negras, não procurando diminuir a culpa. Ele afirma: "Encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes, por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui." Actos: 26:10, 11. Ele não hesita em declarar que "Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal." I Timóteo 1:15.

O coração humilde e contrito, subjugado por um arrependimento genuíno, apreciará algo do amor de Deus e do custo do Calvário; e, como um filho se confessa a um pai amoroso, assim o verdadeiro penitente trará todos os seus pecados perante Deus. E está escrito: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça." I João 1:9.



«A  CONFISSÃO  QUE  BROTA  ESPONTANEAMENTE  DOS  RECÔNDITOS  DA  ALMA
ENCONTRA  A  COMPAIXÃO  INFINITA  DE  DEUS.»

«O  CORAÇÃO  HUMILDE  E  CONTRITO,  SUBJUGADO  POR  UM  ARREPENDIMENTO  GENUÍNO,
APRECIARÁ  ALGO  DO  AMOR  DE  DEUS
 E  DO  CUSTO  DO  CALVÁRIO.»