domingo, 16 de maio de 2010

5. ENTREGA TOTAL


A promessa de Deus é: "E buscar-Me-eis, e Me achareis, quando Me buscardes de todo o vosso coração." Jeremias 29:13.

O coração deve ser todo entregue a Deus, caso contrário não é possível operar-se em nós a mudança pela qual seremos restaurados à semelhança com Ele. Por natureza, estamos afastados de Deus. O Espírito Santo descreve a nossa condição em palavras como estas: "Mortos em ofensas e pecados" (Efésios 2:1); "Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco, ... não há nele coisa sã" (Isaías 1:5, 6); "Feitos cativos por ele (o diabo), para cumprirem a Sua vontade" (II Timóteo 2:26). Deus deseja curar-nos, libertar-nos. Mas, uma vez que isto requer uma inteira transformação, uma renovação de toda a nossa natureza, precisamos de nos render completamente a Ele.

A luta contra o eu é a maior batalha a travar. A entrega do eu, submetendo tudo à vontade de Deus, requer um combate; mas a alma deve submeter-se a Deus antes de poder ser renovada em santidade.

O governo de Deus não está fundado, como Satanás gostaria de fazer parecer, sobre uma submissão cega, um controlo irrazoável. Ele apela ao intelecto e à consciência. "Vinde, então, e argui-Me" é o convite do Criador aos seres que Ele criou (Isaías 1:18). Deus não força a vontade das Suas criaturas. Ele não pode aceitar uma homenagem que não seja dada voluntária e inteligentemente. Uma mera submissão forçada impediria todo o desenvolvimento real da mente e do carácter; faria do homem um mero autómato. Não é esse o propósito do Criador. Ele deseja que o homem, a obra-prima do Seu poder criador, atinja o mais elevado grau de desenvolvimento possível. Ele coloca perante nós a felicidade a que nos quer conduzir mediante a Sua graça. Ele convida-nos a entregarmo-nos a nós mesmos a Ele, para que Ele possa fazer em nós a Sua vontade. Resta-nos escolher se queremos ser libertados da escravidão do pecado, para participarmos da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Ao nos entregarmos a Deus, devemos necessariamente abandonar tudo aquilo que nos separa d'Ele. Por isso, o Salvador diz: "Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo." Lucas 14:33. Tudo aquilo que afastar o coração de Deus, precisa de ser abandonado. Mamon é o ídolo de muitos. O amor ao dinheiro, o desejo de riqueza, é a corrente dourada que os prende a Satanás. A reputação e a honra mundana são adoradas por outra classe. A vida de comodidade egoísta e livre de responsabilidae é o ídolo de outros. Mas estes laços escravizadores precisam de ser quebrados. Não podemos ser metade do Senhor e metade do mundo. Não somos filhos de Deus a menos que o sejamos inteiramente.

Há aqueles que dizem servir a Deus, enquanto confiam nos seus próprios esforços para obedecer à sua lei, formar um carácter recto e assegurar a salvação. Os seus corações não são tocados por nenhum sentimento profundo do amor de Cristo, procuram realizar os deveres da vida cristã como sendo aquilo que Deus requer deles a fim de ganharem o Céu. Tal religião não vale nada. Quando Cristo habita no coração, este será de tal maneira cheio do Seu amor, da alegria da comunhão com Ele, que se apegará a Ele; e, ao contemplá-l'O, o eu será esquecido. O amor a Cristo será a fonte de inspiração para a acção. Aqueles que sentem o amor transformador de Deus, não perguntam quão pouco podem dar para preencherem os requesitos de Deus; não desejam o padrão mais baixo, mas desejam uma perfeita conformidade com a vontade do seu Redentor. Com resolução enérgica, deixam tudo e manifestam um interesse proporcional ao valor do objecto que procuram. Uma profissão de fé em Cristo sem este amor profundo é mera conversa, formalismo insípido e trabalho penoso e ingrato.

Sentes que é um sacrifício demasiado grande abandonares tudo por Cristo? Faz a ti mesmo a pergunta: "Que deu Cristo por mim?" O Filho de Deus deu tudo - vida, amor e sofrimento - pela nossa Redenção. E é possível que nós, os objectos indignos de tão grande amor, Lhe neguemos o nosso coração? Em cada momento da nossa vida temos sido participantes das bênçãos da Sua graça e, por esta mesma razão, não podemos compreender plenamente as profundezas da ignorância e miséria de que fomos salvos. Podemos olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram, e mesmo assim estar dispostos a desprezar todo o Seu amor e sacrifício? À vista da infinita humilhação do Senhor da glória, vamos nós murmurar porque só podemos entrar na vida mediante conflito e humilhação do eu?

A queixa de muitos corações orgulhosos é: "Porque preciso eu de andar em penitência e humilhação antes de ter a certeza da aceitação de Deus?" Olhem para Cristo. Ele era sem pecado e, mais do que issso, Ele era o Príncipe do Céu; mas, a favor do homem, Ele tornou-se pecado pela raça. "Ele foi contado com os transgressores; mas Ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercede." Isaías 53:12.

Mas a que é que nós renunciamos, quando damos tudo? A um coração poluído pelo pecado, para que Jesus o purifique, o limpe com o Seu próprio sangue, e o salve pelo Seu incomparável amor. E ainda assim os homens acham difícil dar tudo! Sinto-me envergonhada ao ouvir isto, envergonhada por ter de o escrever.

Deus não requer que renunciemos a nada que seja para o nosso interesse reter. Em tudo o que Ele faz, tem em vista o bem-estar dos Seus filhos. Quem dera que todos os que não aceitaram Cristo pudessem compreender que Ele tem algo imensamente melhor para lhes oferecer do que aquilo que eles procuram por si mesmos. O homem está a fazer a maior injúria e injustiça a si próprio quando pensa e age contrariamente à vontade de Deus.

Não se pode encontrar nenhuma alegria verdadeira na vereda proibida por Aquele que conhece o que é melhor e que olaneia o bem das suas criaturas. A vereda da transgressão é a vereda da miséria e da destruição.

É um erro acariciar o pensamento de que Deus gosta de ver os Seus filhos sofrerem. Todo o Céu está interessado na felicidade do homem. O nosso Pai Celestial não veda os caminhos da alegria a nenhuma das Suas criaturas. Os requisistos divinos pedem-nos que nos afastemos dos prazeres que nos trariam sofrimento e desapontamento, que nos fechariam a porta da felicidade e do Céu. O Redentor do mundo aceita os homens tal como são, com todas as suas necessidades, imperfeições e fraquezas; e Ele não só limpa do pecado e concede redenção mediante o Seu sangue, mas também satisfará os anseios do coração de todos aqueles que aceitarem tomar o Seu jugo e carregar o Seu fardo. É Seu propósito conceder paz e repouso a todos os que forem a Ele para obterem o pão da vida. Ele requer de nós que realizemos só aqueles deveres que conduzirão os nossos passos para uma felicidade que o desobediente nunca atingirá. A verdadeira alegria da alma é ter Cristo no coração; Ele, que é a esperança da glória.

Muitos perguntam: "Como posso fazer a entrega de mim mesmo a Deus?" Desejas dar-Te a Ele, mas és fraco em força moral, escravo da dúvida e controlado pelos hábitos da tua vida de pecado. As tuas promessas e resoluções são como cordas de areia. Não consegues controlar os teus pensamentos, os teus impulsos, as tuas afeições. O conhecimento das tuas promessas e dos teus votos quebrados enfraquece a tua confiança na tua própria sinceridade, e leva-te a sentires que Deus não te pode aceitar... mas tu não precisas de desesperar. O que precisas de compreender é a verdadeira força da vontade. Este é o poder que governa na natureza humana, o poder da decisão ou da escolha. Tudo depende da acção correcta da vontade. Deus deu o poder de escolha aos homens; é seu dever exercitá-lo. Tu não podes mudar o teu coração, não podes por ti mesmo dar a Deus as tuas afeições; mas podes escolher servi-l'O. Podes dar-Lhe a tua vontade; Ele operará então em ti o querer e o efectuar segundo a Sua boa vontade.

Assim, toda a tua natureza será colocada sob o controlo do Espírito de Cristo; as tuas afeições centralizar-se-ão n'Ele, os teus pensamentos harmonizar-se-ão com Ele.

Desejos de bondade e santidade são correctos até certo ponto; mas, se tu parares aqui, eles não te servem de nada. Muitos perder-se-ão; no entanto, esperaram e desejaram ser cristãos. Não chegaram ao ponto de entregarem a Sua vontade a Deus. Agora, já não decidem ser cristãos.

Mediante o exercício correcto da vontade, pode ser feita uma mudança completa na tua vida. Ao entregares a tua vida a Cristo, alias-te com o Poder que está acima de todos os principados e potestades. Receberás poder de cima para te manteres firme, e assim, por meio de constante entrega a Deus, ficarás habilitado a viver a nova vida, a vida da fé.



«DEUS  NÃO  FORÇA  A  VONTADE  DAS  SUAS  CRIATURAS.»


«ELE  COLOCA  PERANTE  NÓS  A  FELICIDADE  A  QUE  NOS  QUER  CONDUZIR
MEDIANTE  A  SUA  GRAÇA.»


«QUEM  DERA  QUE  TODOS  OS  QUE  NÃO  ACEITARAM  CRISTO  PUDESSEM  COMPREENDER
QUE  ELE  TEM  ALGO  IMENSAMENTE  MELHOR  PARA  LHES  OFERECER
DO  QUE  AQUILO  QUE  ELES  PROCURAM  POR  SI  MESMOS.»


«TODO  O  CÉU  ESTÁ  INTERESSADO  NA  FELICIDADE  DO  HOMEM.
O  NOSSO  PAI  CELESTIAL  NÃO  VEDA  OS  CAMINHOS  DA  ALEGRIA
A  NENHUMA  DAS  SUAS  CRIATURAS.»